terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Charles Baudelaire

Charles Baudelaire, traduzido por Maria Gabriela Llansol

LXXXII (em As Flores do Mal)

UM MAL FASCINANTE

Diz-me Libertino
Nessas olheiras estranhas
Atormentadas pelo destino
Que pensamentos acalentas no coração vazio?

Um gosto insaciável pelo obscuro e pelo incerto Certamente
Não me queixo como Ovídio
De ter perdido o paraíso

Pelo contrário
É nos teus céus rasgados como falésias
Que meu orgulho se contempla

Aquelas nuvens imensas
Estão de luto por meus sonhos lixados

O luar libidinal que te passa pelos olhos
São reflexos de inferno
No meu coração realizado

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