sábado, 6 de fevereiro de 2010

Poema novo

a erosão do fumo

o vento
pode ter o encanto de um necrotério

é como a brisa nocturna que vem do tejo
pegar-se a mim
por entre o fumo
que se vê
na palidez
de um mar de destroços
detritos
restos
que ajudam a construir o silêncio
e a aumentar a distância – intervalo de separação
entre o corpo e a mente reflectora

o fumo
é como uma lâmpada que se acende
uma corporalidade de luz – densidade
é um edifício que se sobe
nas horas de fraqueza
nas horas de certeza

vale mais a pena
esticar-me na terra
quando o fumo
me entra pelos olhos
na erosão

há sempre um preço a pagar
na hora da deterioração

vale mais a pena
pulverizar-me
pelos fragmentos de pó
falsificar-me assim
salvar-me-á
quando o céu se abrir

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