segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O último poema que escrevi

língua adoptada

a minha língua adoptada,
uma poesia em segunda mão,
inventada para proveito próprio,
não existe senão em contradição
com a minha matéria-prima.

o som intransmissível
a lua
a lua
grunhindo
numa língua estrangeira

sonhei que
na dor da interrupção
a linguagem era nómada – era reconciliação –
era invenção territorial

aqui, de consciência dispersa,
lavada em chamas,
afinal onde pertenço? – na lucidez regressada dos mortos –
guardadora de segredos sou
imperial no medo
eu sei que ninguém sobrevive à im(pressão) da vida.

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