sábado, 19 de dezembro de 2009

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será meu o meu país


há um país que me fala – o meu país –
que me interpela
e constantemente me questiona

este é um país que se insinua
é um lapso de memória – colectiva –

sempre que o meu país
se aproxima,
a segredar-me ao ouvido – que é feito da guerra –
estilhaços violentos de uma geração

um país que quer gritar
acreditar
subjugar-me a uma ideia de civilização
progresso – retrocesso
nada de concreto

há um pais que é sinónimo de traição – que tradição?

este é o país que me vê como um feto
de difícil digestão

sou o fio da navalha
que se entranha
como se fosse apátrida
no coração


apátrida sem alma e sem orientação

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