reconheces-me
quando me perguntas ‘reconheces-me’ ao ouvido
durante o que parece ser uma dança
palavras e silêncios me contas
com a pontas dos dedos
sinto o que dizes
mas não entendo as pausas
a insubordinação do teu corpo
não entendo
as perguntas que me fazes
contra uma luz a vazar os sentidos
que ainda me restam
podes tirar-me esta protecção
o intervalo entre nós
para me enfraquecer
mesmo assim
não entenderei
porque estremeces
com o som que dispara no coração
e quando me perguntas ‘reconheces-me’ outra vez
respondo-te com segredos
comunicamos assim
como se fôssemos estranhos
estranhos
que não sabem o que fazem
que não sabem do que têm mais medo:
de se perderem ou de se acharem
Sem comentários:
Enviar um comentário