sábado, 24 de abril de 2010

Meus poemas: ornato - sem agredir

ornato – sem agredir

o ligeiro ornato do teu corpo
parece estar sempre revestido
por uma vontade de viver
sem agredir

quando se é cuspido
de dentro
para fora
de ti
para esse conforto semimorto
que se vê
quando regressamos
quando subimos
pela tua pele acima

queremos ouvir novamente o som
esse som que acalma
e apavora – agonia vacilante
o som dos teus lábios
a derrotarem-me
esses lábios que já memorizei
sem precisar de lhes mudar a natureza

podemos recomeçar
podemos repousar
neste sentimento
que nos exporta
e reconforta
quando temos esta compressa

pensas que preciso de licença
para viver de novo contigo a tua infância

antes que isso aconteça
antes que isto desapareça
numa porta que se abre
quando se é engolido por um sentimento pouco preciso
amadureço diante de ti
antes que apodreça de amor
e coloco a cabeça no teu berço
sem agredir

já te sei ver
na tua nitidez
sem precisar do silêncio
mesmo quando o nosso sonho tem de morrer

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