sábado, 10 de abril de 2010

Novo poema: Encomendar as Almas

encomendar as almas

coberta de pó
como se da terra saísse
desfaço
o horizonte oculto
que me sai pelos poros

tivesse a minha alma
sido encomendada
numa enxurrada de ossos qualquer
não teria oscilado
para fora e para dentro
de mim
como um globo de cortiça
dorido da queda

já nada há a lapidar
o condão
disforme
da existência
apenas se arrasta
nada me resta
para além da violência

metade do que sou
está morto
de nada adianta lamuriar-se
temer um castigo menor
a minha ferida
é difícil
de estancar

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