sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Meu primeiro poema do ano

diz


diz que
um beijo não é necessário
também sabes mentir quando é preciso
só te protejo do escuro

diz que
o amor é uma promessa
não deixes que se esmoreça numa certeza – ou fraqueza –

se não recuperar do fracasso
que é olhar para o teu rosto
o resto de ti é um protesto/pretexto
para pecar

mas o teu corpo está blindado
afundado
no céu

diz que
não te arrependes
de me ter transcrito
quando me estava a recompor
de te ter absorvido por completo

diz que
um segundo a amaldiçoar-me
é o suficiente para me invadir
é o suficiente para me transgredir

é verdade que ninguém percebe
o esforço que é preciso
para te desaprender
considerando que os teus olhos são de encaixo
nos meus

diz que
é constrangedor sentirmo-nos culpados – asfixiados –
por querer sorrir com o coração a debater-se
sobre qual será a melhor forma de acordar amanhã
porquê se um beijo é só uma abreviação para rendição


se não te conseguir abraçar
na humilhação de ter que te abandonar
podes ter que me abrir
quando estiver a cair para cima da tua boca

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