segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Poema do dia

Ana Luísa Amaral

Viagens e Desvios (em Entre dois rios e outras noites)

Rasguei o tempo tantas
vezes: como linha de eléctrico
partida,
a direcção: desvio,
rasgados: sedimentos
de passagem

Onde encontrar as margens
precisas de navio
para acostar?

Se o frio penetrou
fundo em camisola,
foi porque a sua malha:
tecida de luar

Repetir a viagem
não consigo:
só rasgar os minutos
e as horas
até ao infinito do poder

Talvez então a linha
se defina
e as portas amarelas
(junto das campainhas)
desistam de bater

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