terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Poema novo, acabado de sair do forno

absentmindedly

quantas mentes temos
quantos cérebros
a agitar-se ao mesmo tempo?

quanta inquietação geram
estes prodígios
na deslocação do sentido?

em quantas formas de dizer infância
consegues pensar
sem mexer no coração de corda
sem ter um contratempo
com a língua nativa
com o resíduos da memória a perderem a sensibilidade?

quantos relógios
quantas pernas
consegues perder
num dia?

diz a voz estranha
da sabedoria
que é preciso uma acrobacia
para ouvir os outros
que é preciso fantasia
para viver sem envelhecer

é preciso estar longe da nossa mente
tê-la fora do corpo
como companhia
para fazer um auto-retrato,
que não seja um sonho,
do órfão que mantemos refém – embrião –

um órfão que chora
num vulto
e demora a regressar
ao estado puro
da solidão

esse órfão que contamos
quantas vezes destruição
quantas vezes perdão
quantas vezes temos a sensação que o esquecemos.

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