domingo, 31 de janeiro de 2010

Sophia de Mello Breyner Andresen: dois poemas

Sophia de Mello Breyner

a) Meio-dia

Meio-dia. Um canto da praia sem ninguém.
O sol ao alto, fundo, enorme, aberto,
tornou o céu de todos o deus deserto.
A luz cai implacável como um castigo.
Não há fantasmas nem almas,
E o mar imenso solitário e antigo
Parece bater palmas.

b) Corpo a corpo

Lutaram corpo a corpo com o frio
Das casas onde nunca ninguém passa -
Sós, em quantos imesos de vazio,
Com um poente em chamas na vidraça.

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